As toras embalsamadas
da fome dos ribeirinhos
da morte de todas as tribos
ressurgirão erguidas
em novas cruzes
ou horizontalizadas
em muitos caixões.
No anonimato.
(Do livro "Abdução no ventre da luz)
A Terra, menina virgem
Este blog é dedicado a todos que anseiam pela paz mundial como forma única de possibilitar e compor obra, fé, liberdade e vida dignas para toda a humanidade, destinada à aura do amor, à felicidade e à plenitude.
As toras embalsamadas
da fome dos ribeirinhos
da morte de todas as tribos
ressurgirão erguidas
em novas cruzes
ou horizontalizadas
em muitos caixões.
No anonimato.
(Do livro "Abdução no ventre da luz)
ÁGUA
Aqui, em se plantando
tudo dá: dá amor
nas veias dessa árvore
líquida que liquida a morte
como as fezes do acaso.
Casualidade, nenhuma.
O desvario é nuvem d´água
sagrada no amanhecer da mata.
Suas cascatas despejam
energia vital como
um vitral de luz
que se traduz em céu
em contato com o ar.
Ah! Quando o rio acaricia o mar,
suas vestes rugosas vertem
bolhas e espuma como
uma dança feliz de princesa.
Naquele momento a correnteza é
o encontro, um fragmento
de saúde, paz, plenitude, beleza.
(Poema do livro "A Luz é o Corpo da Alma", Komedi, 2002)
O ÚLTIMO FAROL
Suas águas viajam
transcendendo o horizonte.
Por essa floresta líquida
trafegam vidas e navios,
histórias e canções.
Ali habitam monstros
da fantasiosidade humana,
estrelas salgadas,
embarcações mergulhadas em infinito.
Nada mais bonito que a colcha azulada
percorrendo as praias entoando revoada
de figuras aladas.
O tom chumbo sóbrio e solene
acontece quando o sol se fecha.
Uma mecha de raios em flecha
desaba ao chão.
Mas os oceanos são povoados também
de criaturas tecnológicas.
Ideológicas, sondas submarinas
auscultam o sismo geo-político
mirando nas retinas metálicas
movimentos intempestivos.
Ah! O Atol de Mururoa,
foste uma terra tão boa.
Hoje envenenaram teus mantos
e aos prantos nenhuma ave mais voa
nenhum peixe faísca as ondas de luz.
Tudo se reduz à morte artificial.
Enquanto outras células ainda vivas
agonizam cativas da podridão.
Não! Se a água padecer
não restará sobreviventes.
Essa guerra surda hoje enterra
nossos parentes aquáticos.
Sorumbáticos, teremos o mesmo fim.
E lacônicas as estrelas
nos olharão piedosas,
temerosas, porém,
que o potencial destrutivo terreno,
num último e verdadeiro ato obsceno
alcance o macrocosmos,
matando também o eterno.
(Poema do livro "O adolescer de um novo dia",
Edições Independentes, 1997)
MAIS POEMAS DE MARIA DO ROSÁRIO LINO SOBRE ÁGUA NAS COLUNAS "+LIVROS POESIA II" e "POEMAS PELO MILÊNIO"
Com a iniciativa Poemas pelo Dia Mundial da Água, o blog A Luz é o Corpo da Alma, sediado em Campinas (SP), foi incluído na série de eventos das Nações Unidas, relativos ao Dia Mundial da Água, lembrado neste dia 22 de Março de 2011. Neste ano o tema do Dia Mundial da Água é Água para as cidades: respondendo ao desafio urbano. O blog A Luz é o Corpo da Alma publicará neste dia 22 de março vários poemas de Maria do Rosário Lino, tendo a água como tema central. Lista completa dos eventos no link http://www.unwater.org/worldwaterday/events/events-list/en/?page=5&ipp=20&L=0&L=0&L=0&L=0&author_email=5
Poesias de Maria do Rosário Lino, em "Eu te orvalho, tu me orvalhas":
(I)
Eu-deserto decerto não ruirei.
Afinal, o que são as dunas
senão pirâmides prontas a ruir?
Eu-deserto por certo sou maior que elas.
Elas? São um monte de mim
sem amanhã.
(II)
Eu vi! Eu vi as flores
latejarem de desejo.
E antes que eu fosse o beijo
tornei-me um feixe de amores.
(...)
(III)
O ventre liso,
o corpo untado
em óleo de calêndulas.
O pêndulo suspenso
no sol.
A hera, a trepadeira.
A freira ressurge
coberta de luz.
Descobrira-se mulher
beijando-se no espelho.
Poemas de Maria do Rosário Lino em "DEUS: ANDAI-ME!":
(I)
Voz rouca daquele perfume
preso no ar.
(II)
Dei-te o meu sufrágio.
Dei-te o meu Sul frágil
aonde pode acolchoar-te
em minhas moedas de luz,
reluzentes de amor,
Podo fim à tua nobre solidão.
(III)
AO MORRER TODA MORTE ACABA.