quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

NÃO HAVERÁ CURUMIM

Crianças indígenas no I Encontro dos Povos Indígenas no Xingu, em Altamira (PA), final de fevereiro de 1989. Primeiro grito de alerta contra o projeto de hidrelétricas no Xingu, a primeria delas a Kararaô, atual Hidrelétrica de Belo Monte (Foto José Pedro Martins)


(Poema pela Amazônia, no momento em que novas ameaças, como a da Hidrelétrica de Belo Monte, pairam sobre a região)

"(...) Indiferentes à tristeza,
as abelhas ainda polinizam
a natureza.
As andorinhas
entoam revoada.
Mas nada,
nada
será como antes.
Nem os rituais
têm mais esperança.
Só a lembrança...
O grito inaudível
ecoa
na impassibilidade
das autoridades
sempiternas.
Como se houvessem
cercas eletrificadas
claustrofobizando
o ar da natividade.
A vitória-régia
chora
imensa derrota.
A rota
do comércio insaciável
rouba das árvores
os animais silvestres,
vitimando
populações ribeirinhas.
Oh! Pobre Amazônia
loteada,
vendida,
internacionalizada.
Suas riquezas
esvaem-se
das tuas fronteiras.
Inteira,
és feita
pedaços
de desilusão.
Morra não!" (...)

(Extrato do poema Não Haverá Curumim, de Maria do Rosário Lino, no livro "O Adolescer de um novo dia", ver Página +Livros Poesia II)

Nenhum comentário:

Postar um comentário