POEMAS PELO MILÊNIO / POEMS BY MILLENNIUM /

Poemas de Maria do Rosário Lino, relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Iniciativa cidadã, em resposta ao esforço das Nações Unidas. Todo mês novos poemas.

Poems by Maria do Rosario Lino, related to the Millennium Development Goals. Citizen initiative in response to efforts by the United Nations. Every month new poems.
 
Poemas de María del Rosario Lino, relacionados con los Objetivos de Desarrollo del Milenio. Iniciativa Ciudadana en respuesta a los esfuerzos de las Naciones Unidas. Todos los meses nuevos poemas.


ODM I -    Erradicar a pobreza extrema e a fome



A fome alimentada
como um burilado
projeto de guerra
esfacelando
os pães da Terra
que um dia
quem sabe
foi una.

As manhãs devem ser livres
para que os solos
floresçam alimento
e fertilizem
infinitas possibilidades mestiças.
Nasça uma nova ética,
estética,
de existir com esperança.
Parir
a vida
sem fronteiras,
nem bunkers
da destruição alucinada.
Busque-se o princípio da sabedoria,
a hóstia do discernimento,
a bebida do Santo Graal.
Talvez então reste
alguma ´estória`de futuro
(sob a regência de Vênus)
a ser narrada
pelo contista.

(Poemas dos livros "IDE AIS!" e "O adolescer de um novo dia")

ODM II -  Educação universal

(Foto Adriano Rosa)

SONHO DE TAIPA

Eu não tenho pátria
nem documento,
eu não existo!
Mas insisto
em permanecer vivo
apesar da corrente
contrária.
Sou um pária
da sociedade.
Meu dia começa às 4,
acaba à noitinha.
O que resta de mim
é o corpo moído.
Aos sete anos,
sinto-me velho como,
como o bagaço de cana.

Meu sonhos, teimosos,
ainda navegam n´alma.
Me imagino calma
num casario grande
com varandas
e uma rede.
E perto, uma escola
para dizer adeus
à esmola de cada dia.
Envolver-me
nos braços
do conhecimento
e abraçar
o mundo.

(Poema do livro "Brumas do eterno")

ODM III - Igualdade entre os gêneros



O SORRISO DA PAZ

Mulher,
quando o espelho
refletir plenamente
a tua imagem,
presença intensa
no mundo,
então haverá paz
pela beleza
das tuas mãos
princesas
de grandeza
e generosidade
sensível,
na palma
da tua
alma,
imensidão.
Mulher,
o rosto da paz
(a) guarda
os teus traços
porque também
no sorriso dela...
o perfil é feminino
... na íris.

(Poema do livro "Pó Ética da Paz")

ODM IV - Reduzir a mortalidade infantil




A morte serpenteia as esquinas
meninas das cidades e fazendas.
Fazendo troça do nascimento
na manjedoura e da duradoura
natividade de alguns rebentos.
A maioria rende-se e se rebenta
antes de completar quarenta.
E uma boa parte, parte
antes do primeiro ano.
Daí o provérbio: reparte
o pão da hóstia, que todos
serão bem-vindos, não-idos, partidos,
em tempo curto.
Até porque toda e cada missão é longa...

(Poema do livro "Atóis da liberdade")

ODM V  - Melhorar a saúde materna



A mulher embarrigada chora a sua hora
e sua alma pergunta de quem é a culpa
dessa fome de bebê com sede:
será minha ou do ausente companheiro,
será culpa da falta de dinheiro,
será culpa da vida pardieiro
ou será culpa do País inteiro?

Eu quero que o céu
seja liberto das altitudes,
se liquefaça e desague
sobre a Terra encantando
as gentes de azul e através
desse transporte mágico
o céu seja na Terra,
que não mais berre
a dor de lactente desnutrida
parida na fome dos seus filhos.

(Poemas dos livros "Órbita azul" e "Abdução no ventre da luz")

ODM VI - Combater o HIV/AIDS, malária e outras enfermidades



SAUDAÇÃO À VIDA

Era um médico
e peregrinava
pelos templos
do mundo
onde a natureza
humana
lhe pedia ajuda.

Percorrendo aldeias
miseráveis
transportava
sua profissão
como um sacerdócio
onde o ócio
não havia.

Perplexo,
combatia
a mortandade social
que estagnava
as possibilidades
de nascedouros.

Paz e saúde
a toda a gente
era sua passagem
pelas cidadelas
e sua mensagem
era a superação
das mazelas
como produto
de uma fé
que se prova,
bebendo em pé,
no copo
da força de vontade.
Saciedade, nunca!

É preciso
epidemizar
o bem estar
de todos,
do café da manhã
ao jantar,
do deitar-se
ao levantar,
quando então
se pronunciará
a morte da decadência
ao bem da ciência
e um dia,
com a sapiência
e muita sorte,
a decadência
da morte.

(Poema do livro "Abdução no ventre da luz")

ODM VII - Sustentabilidade do meio ambiente


DEIXA A ÁGUA

Água morna, água fria
Água viva
Água

Lágrima feliz
Horizontal da natureza
Sobe e desce
Meu corpo emudece
Durante o banho.
ÁGua - champagne dos deuses.
Deixa a água cantar
Deixe a água contar
suas histórias angelicais
Deixa a água hidratar
nossas sedes mananciais
Deixa a água cessar
as inquietações existenciais
Deixa a água energizar
o corpo, a alma, a mente,
                           tudo mais
                           na paz.
Deixa a água!

(Poema do livro "Pó Ética da Paz")

ODM VIII - Fomentar a cooperação internacional



Deve haver em alguém lugar
um coração casa grande
sem senzalas nem porões
os quartos escuros inseguros
sem longos corredores misteriosos
ou sótão com porta de alçapões.

Deve haver um coração casa grande
um coração sem paredes nem esquinas
apenas embalado nas resinas...
... do amor.

Deve haver em alguém coração
uma casa grande lugar
que não feche para lotação
nem se ponha pra alugar.

Lugar alguém casa coração grande
sem cômodos ou pedaços
mas que inteiro tenha por primeiro
não ter limitações
e sem fronteiras, portas ou janelas
desfrute o sol e o sal da Terra
mas solo meigo e sabor doce
signifique o abrigo-aconchego-atmosfera
da NOVA ERA.

E a tenra Terra,
alma mãe,
outrora um ninho vazio,
que já não berra
apenas sussurra
o fim da guerra
pelo doce acolhimento
de todos os seus
filhos.

(Maiores informações sobre os ODMs: http://www.un.org/spanish/millenniumgoals/)